Estudo de CasoIntrodução
A metodologia, como refere Martins (1996), é a organização crítica das práticas da investigação. Procuramos, neste capítulo, apresentar o conjunto de procedimentos elaborados que nos permitem abordar a realidade que pretendemos analisar, de forma controlada e numa perspectiva crítica destes mesmos pressupostos. Dado que a investigação é, como nos diz Tuckman (1994:5), “uma tentativa sistemática de atribuição de respostas às questões”, e a investigação empírica “uma investigação onde se fazem observações para compreender melhor o fenómeno a estudar” (Hill e Hill, 2000:19) realizámos, para a viabilização do nosso estudo, uma investigação empírica, através do estudo de caso. 1.Opção metodológica: o estudo de caso Por vezes o método é identificado com a metodologia, e cada um deles com técnicas de investigação. Em termos gerais e utilizando a definição de Grawtiz (1990:384),“o método é constituído pelo conjunto de operações intelectuais, pelas quais uma pessoa tenta atingir as verdades que procura, as demonstra e verifica.” Assim, podemos dizer que o método consiste sobretudo num conjunto de operações, colocadas em diferentes níveis, que tem em vista determinados objectivos. “O método científico caracteriza-se pela escolha de procedimentos sistemáticos para descrição e explicação de uma determinada situação sob estudo e a sua escolha deve estar baseada em dois critérios básicos: a natureza do objectivo ao qual se aplica e o objectivo que se tem em vista no estudo” (Fachin, 2001:20). Com o desenvolvimento das ciências sociais o método de estudo de caso foi ganhando preponderância, porque procura responder à subjectividade que marca o mundo social através da interpretação dos significados e das experiências dos actores sociais. Com este método, o investigador pode utilizar técnicas de recolha de dados diversificadas, tanto quantitativas como qualitativas, com prevalência do qualitativo se inserirmos este método numa perspectiva humanístico-interpretativa. A metodologia humanístico-interpretativa, opondo-se ao carácter positivista da metodologia empírico-analítica, valoriza a interpretação dos fenómenos que ocorrem entre os sujeitos, na perspectiva dos seus actores, na medida em que “a realidade social tem um significado específico e uma estrutura relevante para o ser humano que vive, actua e pensa nele” (Burgess, 1997: 85). De acordo com Pardal e Correia (1995:23), o estudo de caso é “ [...] um modelo de análise intensiva de uma situação particular (caso). Tal modelo, flexível no recurso a técnicas, permite a recolha de informação diversificada a respeito da situação em análise, viabilizando o seu conhecimento e caracterização”. O estudo de caso, mesmo na sua versão mais diminuta, envolve sempre alguma complexidade, dado constituir-se sempre, de acordo com Stake (1994), por uma história sem igual e funcionarem sempre em contextos diversos com os quais está intimamente relacionado. Não obstante no estudo de caso poderem ser utilizados técnicas de recolha e tratamento de informação quantitativos é comum aparecer nos métodos qualitativos. Na condução de um estudo de caso devemos ter em consideração alguns aspectos, os quais, segundo Dubé e Paré (2003), podem ser repartidos por três grupos: planeamento, que compreende aspectos relacionados com a concepção da pesquisa; recolha de dados, a qual abrange o processo de recolha de dados; análise dos dados, na qual se consideram todos os aspectos referentes ao processo de análise de dados. 1.1. Cuidados na adopção e uso do estudo de caso Para Bravo (1998), a selecção da amostra num estudo de caso adquire um sentido muito particular, diríamos nós que é a sua essência metodológica. O investigador, ao escolher o caso, estabelece o referencial lógico que orientará todo o processo de recolha de dados (Creswell, 1994). Skate (1995), adverte que é importante termos sempre presente que o denominado “estudo de caso, não é uma investigação baseada em amostragem. Não se estuda um caso para compreender outros casos, mas para compreender o caso” (Skate, 1995:4). Desta forma, a constituição da amostra é sempre intencional (purposeful sampling), “baseando-se em critérios pragmáticos e teóricos em vez de critérios probabilísticos, procurando não a uniformidade mas as variações máximas” (Bravo, 1998:254). |